Refluxo Gastroesofágico: Quando a Azia se Torna um Problema Sério de Saúde
Em algum momento da vida, quase todos nós já sentimos aquela queimação incômoda no peito após uma refeição pesada. Conhecida popularmente como azia, essa sensação é causada pelo retorno do conteúdo ácido do estômago para o esôfago. Quando esse evento deixa de ser uma exceção e se torna uma regra na rotina do paciente, afetando sua qualidade de vida e causando lesões, estamos diante de uma condição clínica: a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE).
A DRGE é uma das desordens digestivas mais comuns no mundo moderno, impulsionada por hábitos alimentares inadequados, estresse e obesidade. Na Endostar, recebemos diariamente pacientes que convivem com o desconforto do refluxo há anos, sem saber que essa condição, se não tratada, pode levar a complicações severas, incluindo o câncer de esôfago.
Neste artigo, vamos aprofundar o entendimento sobre o refluxo, diferenciar o sintoma da doença e mostrar os caminhos para o alívio e a cura.
A Mecânica do Refluxo: O Que Está Acontecendo no Seu Corpo?
Para entender a DRGE, precisamos visualizar a anatomia básica. O esôfago é o tubo que transporta a comida da boca ao estômago. Na junção entre esses dois órgãos, existe uma espécie de válvula muscular chamada Esfíncter Esofágico Inferior. Em um corpo saudável, essa válvula funciona como uma porta de sentido único: ela se abre para deixar a comida passar e se fecha imediatamente para impedir que o ácido gástrico suba.
Na Doença do Refluxo, essa válvula apresenta uma falha. Ela pode estar fraca (hipotônica) ou relaxar em momentos inadequados. Como resultado, o suco gástrico — que é extremamente ácido e corrosivo — sobe para o esôfago. O problema é que, diferentemente do estômago, a mucosa do esôfago não foi feita para suportar acidez, resultando em inflamação e dor.
Hérnia de Hiato: Um Fator Agravante
Muitos pacientes com refluxo também apresentam Hérnia de Hiato. Isso ocorre quando a parte superior do estômago desliza para cima, passando pelo diafragma em direção ao tórax. Essa alteração anatômica prejudica ainda mais o funcionamento do esfíncter, facilitando o retorno do ácido.
Sintomas Típicos e Atípicos: O Refluxo é um “Camaleão”
Os sintomas clássicos são fáceis de identificar:
- Pirose (Azia): Sensação de queimação que sobe do estômago em direção ao pescoço.
- Regurgitação: Sensação de líquido ácido ou comida voltando para a garganta ou boca.
No entanto, o que muitos não sabem é que o refluxo pode se manifestar de formas “silenciosas” ou confundíveis com outras doenças, os chamados sintomas atípicos ou extraesofágicos:
- Tosse crônica e seca: O ácido irrita as vias aéreas.
- Rouquidão e pigarro: Principalmente pela manhã, devido à irritação das cordas vocais.
- Dor torácica: Muitas vezes tão intensa que é confundida com infarto (sempre procure um cardiologista para descartar problemas cardíacos primeiro).
- Desgaste do esmalte dentário e mau hálito.
- Asma ou bronquite que pioram sem motivo aparente.
O Perigo do Esôfago de Barrett
A complicação mais temida do refluxo crônico não tratado é o Esôfago de Barrett. Trata-se de uma alteração onde as células do esôfago, na tentativa de se protegerem do ácido constante, mudam de formato, assemelhando-se às células do intestino. Essa metaplasia intestinal é uma lesão pré-cancerosa. Pacientes com Esôfago de Barrett têm um risco aumentado de desenvolver adenocarcinoma de esôfago, um câncer agressivo. Por isso, o acompanhamento endoscópico é vital.
Diagnóstico e Tratamento na Endostar
O diagnóstico começa com a história clínica, mas a confirmação e avaliação de danos dependem de exames. A Endoscopia Digestiva Alta é essencial para verificar se há esofagite (inflamação), úlceras ou Esôfago de Barrett. Em alguns casos, podem ser necessários exames complementares como a pHmetria (que mede a acidez no esôfago por 24h) e a Manometria (que mede a força do esfíncter).
Mudança de Vida e Medicamentos
O tratamento da DRGE baseia-se em três pilares: medidas comportamentais, medicamentos e, em casos selecionados, cirurgia.
As mudanças no estilo de vida são obrigatórias para o sucesso do tratamento:
- Perder peso (a gordura abdominal pressiona o estômago);
- Evitar alimentos “gatilho” (café, chocolate, menta, alimentos gordurosos, picantes e álcool);
- Não se deitar logo após comer (esperar pelo menos 2 a 3 horas);
- Elevar a cabeceira da cama.
Medicamentos como os Inibidores de Bomba de Prótons (os famosos “prazois”) são muito eficazes para reduzir a acidez e cicatrizar o esôfago, mas devem ser usados sob prescrição médica, e não como automedicação eterna.
Conclusão: Recupere o Prazer de Comer
Viver com medo de comer ou dependente de pastilhas antiácidas não é normal. O refluxo tem tratamento e controle. Na Endostar, ajudamos você a identificar a causa exata do seu desconforto e a traçar o melhor plano terapêutico, devolvendo o bem-estar às suas refeições e ao seu sono.
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